Tempos de tecnologia avançada, inteligência artificial, aceleração desenfreada da informação e, consequentemente, um ritmo exaustivo de vida acabaram por criar, em contraste, uma busca cada vez maior pelo bem-estar, ou, no termo mais mercadológico, tendências wellness. Este ano, o mercado global de wellness foi estimado em US$ 3 trilhões, ultrapassando a gigante indústria farmacêutica pela primeira vez na história.
Em uma análise imediata, esse dado, fornecido pelo bureau de tendências WGSN, indica que as pessoas estão buscando um estilo de vida mais saudável antes de precisar se medicar. Mas quais são as tendências wellness nas empresas? Confira.
O que esperar das tendências wellness nas empresas?
Atualmente, a ênfase está na flexibilidade, ambientes de trabalho mais saudáveis e um enfoque mais integral na hora de fomentar o bem-estar dos colaboradores com, por exemplo, cursos de meditação ou educação financeira. As empresas se veem obrigadas a se concentrar mais na cultura e valores corporativos, do que pagar para reter os colaboradores, e programas de bem-estar são fundamentais para atrair talentos.
É importante, também, que a escolha do projeto e materiais desse ambiente considere uma série de fatores sustentáveis e saudáveis, levando ao aumento da produtividade e bem-estar dos funcionários. Por exemplo, olhos cansados, desânimo, dor de cabeça e absenteísmo são alguns dos problemas que podem ser evitados com um bom projeto. Nesse cenário, muitas empresas estão tendo um olhar mais próximo para o impacto que o ambiente construído pode ter na saúde e bem-estar, através de cuidados que avaliam conforto, iluminação, alimentação saudável, redução do estresse, incentivo à prática de atividades física, entre outros.
Resultados de uma política voltada ao bem-estar do público interno
Segundo o relatório, “The Drive Toward Healthier Buildings 2016”, o setor de arquitetura e construção está ajudando a impulsionar esforços para introduzir preocupações médicas preventivas no ambiente construído – e implementarão recursos que melhoram a qualidade do ar, conforto térmico e produtividade nos próximos 5 anos.
Atitudes simples, como melhorar a qualidade do ar, aumentar a iluminação natural e introduzir vegetação – que, tipicamente, trazem benefícios ambientais, como menor consumo de energia – também podem ter um impacto positivo relevante no retorno do investimento, melhorando a produtividade dos colaboradores, reduzindo o absenteísmo, o presenteísmo, os turnovers e os custos médicos.
No relatório supracitado, o fundador e CEO da Delos, Paul Scialla, comenta que “ao ter as pessoas como foco central das decisões de projeto, construção e operação, abre-se uma oportunidade sem precedentes para impulsionar a inovação, agregar valor econômico significativo aos ativos imobiliários, gerar economias com despesas de colaboradores e melhorar a experiência humana de uma forma geral”.
Outra das tendências wellness referentes à saúde humana e ditada diretamente pelos arquitetos é a preocupação com a escolha correta dos materiais, do ponto de vista de conteúdo de substancias tóxicas – produtos químicos sintetizados ou concentrados pela fabricação que são prejudiciais à saúde em doses relativamente baixas. Os tóxicos possuem efeitos durante a fabricação, uso ou descarte de um material. Eles podem ser cancerígenos ou afetar a saúde dos sistemas respiratório, neurológico e endócrino do corpo humano. Nesse sentido, inúmeros estudos demonstraram que a redução da exposição a substâncias tóxicas traz benefícios mensuráveis a saúde.
Certificações e tendências wellness nas empresas
O mundo corporativo está chegando a um ponto de inflexão e precisa retroceder para voltar a ser saudável. Na última década, as empresas responderam muito bem ao movimento para escritórios sustentáveis e amigos do meio ambiente, promovendo os edifícios certificados LEED, e, agora, o foco se voltou para as tendências wellness e como seus escritórios podem promover o bem-estar de seus colaboradores.
A certificação WELL Building Standard foi desenvolvida para atender a esta demanda na busca por qualidade de vida, saúde e produtividade dos usuários aliada à sustentabilidade ambiental dentro dos espaços construídos, além de ser uma ferramenta complementar às certificações ambientais, como o Leadership in Energy and Envoronmental Design – LEED.
A certificação WELL baseia-se em sete categorias, tais como ar, água, alimentação, luz, fitness, conforto e mente. Um olhar mais atento para estes conceitos mostra que eles são significativamente relevantes em um edifício, uma vez que passamos cerca de 90% do tempo de nossas vidas em ambientes construídos. O processo de certificação envolve cinco etapas: Registro; Documentação; Verificação de desempenho; Certificação; e Recertificação, e é concretizada após a validação do projeto quanto à conformidade da documentação e resultados de desempenho. A recertificação garante, a cada três anos, o alto nível do projeto em relação ao design, operação, manutenção e políticas corporativas ao longo do tempo.